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terça-feira, 19 de novembro de 2013

Essse não Genuíno



Brasília – Os petistas José Genuíno e José Dirceu profanaram o símbolo dos punhos erguidos, sinal de protesto e da resistência contra a segregação racial nos Estados Unidos nas décadas de 1950/60. O  gesto tem um passado nobre. Ele chamou a atenção do mundo nas Olimpíadas do México em 1968, quando os atletas Tommie Smith e John Carlos, respectivamente primeiro e terceiro lugares na prova dos 200 metros, ergueram os punhos durante a execução do hino dos EUA. O ato representou a adesão dos velocistas negros às manifestações do Panteras Negras. O grupo lutava contra o apartheid norte-americano e protestava contra a morte do líder Martin Luther King, autor do “Eu tenho um sonho…”
 É inconcebível que um símbolo que personificou durante décadas a resistência contra os excluídos no mundo, a força de uma raça e a luta política contra os segregados, seja usado por dois criminosos condenados por crime de corrupção e formação de quadrilha. Trata-se de um dano irreparável a história da resistência de um  movimento e uma afronta aos princípios da luta pela liberdade. O mais grave de tudo isso é que alguns fanáticos militantes, que se postaram à porta da Polícia Federal, em São Paulo, também fizeram o mesmo gesto em solidariedade.
 Palavras de ordens como a “luta continua, companheiro”, “somos presos políticos”, “viva o Brasil” e “viva o PT” ecoaram nas primeiras horas da apresentação dos condenados. Estavam também em cartazes e invadiram a rede social em tempo real nos blogs chapa-brancas, patrocinados por empresas estatais.
 Genoíno, ex-guerrilheiro, ex-deputado federal e ex-presidente do PT tentou demonstrar força cívica nos primeiros momentos da prisão ao bradar aos ventos que era “preso político”. Não resistiu ao primeiro café da manhã de pão com manteiga e a divisão da cela com mais alguns companheiros. Distribuiu uma nota, dizendo-se doente e responsabilizando à Justiça por sua morte, caso ocorra enquanto está encarcerado.
Ao contrário do sonho do ativista negro Luther King de que “um dia em Alabama, com seus ferozes racistas (…) os meninos e as meninas negras possam dar as mãos para as crianças brancas como irmãos e irmãs”, o sonho dos jovens petistas revolucionários de 1964 acabou no presidio da Papuda em celas de três metros quadrados. Ali estão pelo menos dois expoentes dessa luta contra a ditadura militar: Genoíno e Dirceu que um dia sonharam numa sociedade democrática, justa e igualitária, mas que não conseguiram sobreviver ao poder, do qual se locupletaram para envergonhar à nação.
Não adiantam gestos políticos, símbolos da resistência, para transformar o Código Penal em Código Político. Tentar reverter crime comum em crime político. A sentença do STF foi clara ao condenar dezenas deles por corrupção e formação de quadrilha. O brasileiro, que assistiu as audiências em tempo real pela televisão, saberá distinguir com discernimento a atividade política da atividade criminosa. Portanto, o 15 de novembro, o dia da Proclamação da República, nunca foi tão festejado no país como neste 2013, quando o Brasil assistiu políticos e empresários  até então intocáveis submetidos ao mesmo tratamento dos pretos, dos pobres e das putas, os três pês, para quem tão somente servem os presídios:  banho frio, divisão da mesma privada a céu aberto, cama de cimento com cobertor “parahyba” , troca de nome por número, comida sem cardápio, roupa de presidiário e banho frio.
 O Brasil dos três pês, agora tem mais um pê, o do PT. AUTOR Jorge Oliveira

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